domingo, 19 de setembro de 2010

XIII GP - Entrevista com Ismael Paulino (2)

Paulino persegue Ferraz, mas não o alcançaria sem os
2 erros do piloto valadense.
Como descreve as primeiras voltas?
A primeira volta foi com pneus frios, como se esperava, e foi de alguma habituação, mas rapidamente os pneus aqueceram e percebi que o Ribeiro estava um pouco mais lento que eu e o Ferraz. O Ferraz passou-o, eu colei-me e após algumas tentativas consegui ultrapassá-lo. Depois tentei seguir o Ferraz, mas ele estava a andar muito forte e a distanciar-se. Algumas voltas depois cometeu um erro no S+Gancho à direita (na parte mais longínqua das boxes) que me permitiu colar-me a ele, mas ele estava definitivamente mais rápido, e se não se tivesse despistado novamente, eu não teria chegado à liderança. O Ferraz foi sem dúvida o mais rápido do dia.




O que pensou quando se viu em 1º?
Ainda faltava mais de meia corrida e pensei apenas que melhor não podia estar, mas tinha de lidar com o calor e o desgaste e sabia que tinha o pessoal muito próximo. Não pensei neles e fiz a minha corrida.


Cometeu algum erro?
Apenas um pequeno desvio, também lá no S+Gancho à direita, mas felizmente sem sair de pista. No entanto, o Ferreira aproximou-se e por volta dos 20 minutos de corrida conseguiu passar-me numa excelente manobra à entrada da recta da meta, depois de eu ter hesitado atrás de um retardatário.


Se estava mais lento que Ferreira, significa que começou depois a perder terreno.
Não. Pelo contrário, nunca deixei de estar colado a ele.


Como explica essa alteração nos andamentos?
A minha única explicação é que nós somos tão amadores e temos tão pouca experiência de karting, que termos à nossa frente um ponto de referência continua a fazer uma grande diferença sobre a melhor trajectória a seguir. Terão de perguntar ao Ferreira se também achou diferente seguir-me e ver a minha trajectória, ou liderar sem nada à sua frente.


Diz-se que tem alguma dificuldade em liderar corridas. Não será um problema seu ao nível da escolha de trajectória?
Não necessariamente, pois já fiz boas corridas sem ter referências à minha frente, nomeadamente nas corridas à chuva, ou em Almeirim onde andei algum tempo sozinho. Mas talvez precise de melhorar nesse particular.


Estava em 2º lugar, o que lhe convinha para o campeonato. Não pensou em segurar a posição?
Não. Noutras circunstâncias, talvez o pudesse ter feito, mas o Ferreira era um adversário directo e eu estava ligeiramente mais rápido que ele. Era impensável não tentar atacá-lo.


Tinha noção de que tinha Ferraz e a RR Sauber colados a si?
Rigorosamente nada! Não fazia ideia. Tinha a vaga impressão de que estavam bem mais para trás. Ao contrário do que me é habitual, perdi essa noção de estratégia geral, o que poderia ter sido mau, pois o Ferraz ou o Vrielink podiam ter aproveitado um ataque falhado meu para me atacarem. O resultado daquela corrida seria incerto até ao fim.


Como descreve o incidente com Sandra Dias?
Estava já há duas voltas a pressionar o Ferreira, pois a corrida estava a terminar, e vi que vinha um retardatário no horizonte e achei que era a oportunidade para tentar a ultrapassagem. No final da recta da meta, vejo que o retardatário começa a ficar virado ao contrário... até ficarmos em cima dele foi uma fracção de segundo. Só reagi instintivamente, travei um pouco e guinei para a esquerda, mas senti perfeitamente que não ia conseguir ter o kart na pista, e depois senti o kart a afundar-se na gravilha. Quando parou, acelerei, mas era impossível sair dali pelos seus meios. Pensei que as minhas hipóteses para o campeonato tinham terminado... O mais importante é que ninguém se aleijou (tirando o pequeno toque do Ferreira com o joelho.)


Como conseguiu voltar à pista?
Há que agradecer ao pessoal do kartódromo, que respondeu rapidamente ao meu pedido de ajuda. Sem ele não teria conseguido voltar à pista.



Acha que a Sandra teve um comportamento irresponsável?
Claro que não. A Sandra estava a regressar à competição depois de muito tempo, havia muito calor, e todos estávamos a ter dificuldades com o drift, e os rookies em especial. Talvez eu e o Ferreira devêssemos ter sido ligeiramente mais prudentes...


Tinha alguma noção da posição em que estava?
Não, e pensei que já não entraria no top ten. Mas mesmo assim tinha esperança de que, com os pontos dos últimos lugares mais os 10 pontos que trazia de vantagem, as coisas ficariam equilibradas, e ficaram!


Quais as perspectivas para a corrida decisiva?
Vou lutar para ser campeão, e como tenho mais 1 ponto que o Reinold, vou estar sempre de olho nele. Mas estou convencido que ele vai estar muito forte e portanto terei mesmo de lutar pela vitória. Estou ansioso!

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