sexta-feira, 17 de julho de 2009

VII GP - entrevista c/ I. Paulino

Qual a sua opinião geral da corrida? Foi mais uma corrida muito interessante, num dia de bastante calor (tal como em Fátima, o ano passado), e numa pista que acabou por se revelar mais exigente do que alguns previam, também precisamente por causa do calor. Houve bastantes estreantes, o que é sempre positivo, e até poderemos aprender alguma coisa com eles.
Quim Batinas, o célebre veterano da praxe coimbrã, é adepto da Toyota, na Fórmula 1. Algumas das minhas provas fazem lembrar o desempenho do Trulli: boas qualificações, depois uma corrida da frente para trás, a olhar para os espelhos – que neste caso não há! Bem falta me faziam…



A fazer lembrar a prova de Fátima, onde liderou as primeiras voltas e terminou em 4º. Não se torna um pouco frustrante?



Para quem está do lado de fora, sim. Se eu tivesse patrocinadores, seria bastante irritante. Mas eu prefiro assim do que uma corrida como no Bombarral, onde larguei mal e depois andei muitas voltas atrás do João Costa, sem o conseguir passar. Fiquei sem saber o que poderia ter alcançado se tivesse largado bem e andado no limite. Embora para quem estivesse de fora fosse interessante, pois até consegui passar o Costa na penúltima volta… na Batalha, fiz uma boa qualificação e fui o único a conseguir ver os Silva Brawn durante algumas voltas. Depois, o cansaço físico vai fazendo o seu papel, mas pelo menos sei que tenho a performance e sei que não poderia ter feito melhor, pois andei sempre no limite.


Como reagiu à largada e à primeira volta?
Há que reconhecer que os organizadores da prova fizeram uma largada um pouco “apressada”, pois disseram para estarmos atentos ao vermelho mas podiam ter sinalizado previamente que todos os karts estavam prontos. Creio que estava muita gente pouco atenta quando veio o vermelho, que só esteve ligado um segundo. Eu próprio me senti surpreendido, mas pelos vistos o Nelson Silva e o Costa ainda estavam mais. Pus-me ao lado do Nelson e passei-o na curva 2, tendo ficado na segunda posição. Infelizmente, esqueci-me que os pneus tinham arrefecido e, quando tentei fazer a curva 7 a fundo, como sempre, tive de corrigir e levantar o pé, o que foi suficiente para o Nelson me passar.

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Como foi a perseguição aos Silva?
Lembrei-me dos Brawn, dos Williams-Renault, dos McLaren-Honda. Estudei a trajectória do Nelson atentamente, mas ele não cometia o mais ligeiro erro e comecei a perder sensivelmente 3 a 4 décimos de segundo por volta. Era totalmente impossível. Deixei de pensar nisso e limitei-me a andar o mais rápido possível, pois sabia que o restante pelotão acabaria por me alcançar quando eu me cansasse.


Alguém sugeriu que o Paulino fizesse 2 ou 3 voltas rápidas na qualificação e fizesse o resto em velocidade de cruzeiro para poupar forças para a corrida. Quer comentar?
É capaz de ser uma boa ideia. Foi pena a minha pit crew não ter tido acesso aos resultados dos treinos, desta vez, mas isso é facilmente gerível se eu for tendo informação da posição em que me encontro, ao longo dos treinos.


Como foi a luta com o “segundo pelotão”?
Como eu a imaginava, mas não deixei de lutar com todas as minhas forças. Recordo em particular uma luta excelente com o Tiago Capela, que consegui acompanhar depois de ele me ultrapassar porque percebi que estava a perder tempo no gancho e na curva 9, mas quando estava a tentar reultrapassá-lo à entrada da curva 2, apareceu o Costa do lado de dentro – ficamos os três lado a lado - e tive de levantar o pé. A luta com o Vrielink também foi interessante, e espero que ele não tenha ficado incomodado com o ligeiro toque que inadvertidamente lhe dei.


Onde estará a diferença entre o “segundo pelotão” e os “Silva Brawn”?
É claro que estará na muito maior experiência de karting de que dispõem, mas eu penso que acima de tudo a diferença está nos detalhes. Percebi na grelha que eles iriam fazer a dobradinha, mas olhando aos resultados dos treinos, os 6 décimos de segundo que perdi para o sr. Eugénio são uma diferença grande mas não inultrapassável. Em 11 curvas, é uma média de quase 5 centésimos em cada curva. Na prática, a diferença está certamente no gancho, na curva 9, e em mais 1 ou 2 curvas. Na corrida, a mesma coisa: um centésimo aqui e acolá é o que faz a diferença, e o não cometer erros. Especialmente porque me pareceu que alguns adversários, por exemplo, estavam a fazer mal a parabólica: ou a queriam fazer a fundo, ou recusavam dar um toquezinho de travão à entrada…
Mas não creio que os SB sejam imbatíveis. Aguardo ansiosamente pela colocação online, por parte do Euroindy, dos resultados da corrida para fazer uma análise mais profunda.


Dois 7º lugares garantem, graças à regularidade, o 4º lugar no campeonato a apenas 9 pontos do líder. O que poderemos esperar de Paulino para as duas provas que faltam?
Não serei certamente um candidato ao título, mas mantenho o objectivo de conseguir pelo menos uma vitória. Assim o tempo esteja um pouco mais fresco, ou eu consiga gerir melhor o cansaço. Se chovesse, era fenomenal…

3 comentários:

Paulo "MacQueen" Ribeiro disse...

Mas o amigo Paulino só anda a pedir chuva?!... Das duas uma: ou o patrocinador lhe pagou em pneus de chuva ou tem tem um fraquinho por patinagem artística...
Sugiro que a próxima prova seja transferida para Kuala Lumpur. É melhor é levar escafandro autónomo e barbatanas, porque acho que está quase na época de monção, lol!

P.S.: também gosto de correr com chuva, só que ainda não aprendi como se faz...

I. Paulino disse...

Alguma vez há de chover!... só não sei é quando...

Jpão Rodrigues disse...

Sempre a pedir favores ao S.Pedro...