«O semáforo vermelho estava aceso. Assim que se apagasse, quinze pilotos iam disputar a entrada na primeira curva do circuito, o bilhete de acesso a uma boa posição na corrida. Mentalmente, pensei que tinha onze jovens leões atrás de mim, ávidos de velocidade, e ao meu lado o João, o provável campeão. Á minha frente, duas raposas experientes e rápidas, o Tiago Capela e o Ismael Paulino.
A pergunta que não me saía da cabeça era se os leõezinhos se iam lembrar do piso escorregadio... e me iam embrulhar na confusão... Qual a melhor trajectória para não perder o controle, defender a posição e saír o mais rapidamente possível da zona de perigo? Enquanto pensava em tudo isto, escapou-me o detalhe mais importante. Mas é natural. Ele estava mesmo atrás de mim.
As luzes apagaram-se e arrancámos, acelerando o possível para não derrapar. À minha frente, o Tiago, o Ismael e o João aceleravam e colocavam-se na melhor posição posível para a primeira curva, à direita. Eu decidi ir sempre junto à corda, travar e curvar devagar, por dentro, na zona má e saír o mais suavemente possível.
Fui de imediato envolvido por vários pilotos, à minha esquerda, enquanto via o Ismael apoiado no Capela, o João quase a saír a direito e comecei a ouvir toques. Alguém me passa na travagem,entro devagar, deslizo demais, saio de traseira, não posso acelerar a fundo, fico a ver esse piloto - o Tiago Ferreira, sei agora - a afastar-se, seguido de perto pelo Capela e o Ismael.
A minha corrida começou aqui. E terminou quando fiz o primeiro pião, um pouco depois. Descolei dos mais rápidos e nunca consegui recuperar. Atrás de mim, aparentemente, havia muita gente em sérias dificuldades... Criou-se outro fosso. Estava praticamente sozinho, restava-me pilotar o melhor possível, o que não fiz, alternando voltas aceitáveis com voltas lentas devido aos inúmeros erros e aos piões subsequentes.»
(continua)
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