Dado o número insuficiente de pilotos para a realização de uma corrida normal, isto é, com treinos, corrida e cronometragem (como se sabe, por norma os kartódromos exigem um número mínimo de participantes), a Organização do Troféu Pedro Chaves não esmoreceu e decidiu organizar uma corrida em formato curto, ou low-cost, como lhe quiserem chamar.
O desenvolvimento e as regras do formato curto já deveriam ter sido abordadas em post próprio, pois a organização já o tinha previsto, pelo que essas nuances ficarão para outro dia. Por agora, basta dizer que todos os participantes subscreveram um aluguer simples (15 minutos = 15 euros) e que, após uma volta de aquecimento, os concorrentes alinharam-se na grelha, por ordem inversa à da classificação da corrida anterior, para uma corrida que seria dada por terminada quando o mecânico de serviço desse ordem de regresso às boxes. Como éramos poucos participantes, seria possível que todos soubessem as suas posições individuais sem grandes confusões.
Como a corrida teria 15 minutos em vez dos 30 que deveria ter em condições normais, seriam atribuídos metade dos pontos.
Eram esperados cinco participantes, e sendo tão poucos podemos enumerá-los: R. Vrielink, J. Rodrigues, I. Paulino, D. Sousa e R. Gomes, isto é, não havia pilotos para os lugares pontuáveis. Felizmente, à última da hora tivemos três inscrições: M. Augusto e os estreantes Tiago Nunes e Rui Borges. No caso de Tiago Nunes, foi não só a estreia no Troféu mas também a estreia absoluta no excitante mundo do karting.
Antes da corrida, a Organização instruiu o T. Nunes no sentido de ter cuidados redobrados; o karting é desporto mas envolve riscos, e não é natural que a primeira vez se faça em ambiente de competição (ou pelo menos rodeado de indivíduos que querem andar o mais possível) e com um kart de 270cc. Nunes é uma pessoa inteligente e ponderada e a Organização sabia que podia contar com o seu bom senso, o que efectivamente veio a acontecer.
O mecânico de serviço (um sujeito louro que está na categoria superior do pessoal que trabalha com carrinhos de choque) deu-nos um briefing seco e instrutivo. Apesar de antipático, prestou um bom serviço, dando os conselhos técnicos mínimos (da praxe) e alertando para o facto de os karts poderem não travar bem devido à falta de aquecimento.
Todos sentados, os pilotos aguardaram o trabalho do mecânico e fizeram então a volta de reconhecimento (não é bem aquecimento) até alinharem para a grelha, que, como já referido, foi escalonada de acordo com a ordem inversa da corrida anterior. Isto significou que Tiago Nunes foi pole position na sua primeira corrida (Rui Borges também era estreante, mas já tinha experiência de karting). É um bom presságio para Nunes; também Ayrton Senna foi pole position na sua primeira corrida de karting, aos 8 anos de idade.
nota: o vídeo seguinte, embora produzido no kartódromo da Batalha, NÃO tem qualquer relação com o Troféu Pedro Chaves. Os seus direitos de autor não estão assegurados e retiraremos o vídeo se os seus autores o exigirem.
A largada decorreu sem problemas de maior. Sexto na grelha, Ismael Paulino aproveitou a conjugação de 2 factores para ser líder à saída da curva 4: a hesitação dos pilotos da frente, em especial do pole position (e como dizia Ayrton Senna, a propósito de uma sua célebre primeira volta, que em determinadas circunstâncias o “líder ia maneirar um pouco, o segundo mais um pouco, o terceiro mais um pouco e assim por diante.”), e o facto de os pilotos terem deixado a parte de fora da pista livre ao longo da primeira curva. Contudo, Paulino deitou tudo ao perder ignorar os conselhos do mecânico e entrar em despiste na curva 6, caindo de 1º para o 8º e último lugar. Por essa altura já Vrielink e Rodrigues, fruto da maior experiência, estavam em lugares cimeiros.
A corrida teve muita animação, com constantes despistes e recuperações de vários pilotos. João Rodrigues e Reinold Vrielink, tal como na Batalha, voltaram a dominar a corrida. O holandês cometeu alguns erros que decidiram a contenda a favor do português, que foi o único piloto sem despistes e, portanto, o mais regular e consistente, pelo que a vitória que conseguiu (a primeira, depois da vitória de Vrielink na prova de abertura) é mais que merecida. Embora seja impossível apurar os tempos por volta por não existir cronometragem (o Kartódromo referiu que a situação era anormal), é possível que, de qualquer forma, o ritmo de corrida de Rodrigues não fosse inferior ao de Vrielink.
O pódio, com o vencedor João Rodrigues (ao centro) ladeado por Reinold Vrielink (à esquerda, 2º lugar) e Michael Augusto (à direita, 3º lugar)
Michael Augusto foi o mais rápido dos restantes e conquistou assim o seu primeiro pódio depois do 10º lugar da Batalha. O seu entusiasmo e o seu bom resultado fazem de Augusto um piloto a acompanhar com interesse nas próximas corridas. O estreante Rui Borges também esteve em bom plano, no 4º lugar, enquanto Daniel Sousa decepcionou um pouco ao quedar-se pela 5ª posição, após não conseguir concretizar as ultrapassagens necessárias a uma posição mais elevada. No entanto, mantém-se em bom plano ao ser dos poucos que pontuou em ambas as corridas.
Mas a grande desilusão da corrida foi sem dúvida Ismael Paulino. Depois de desperdiçar uma oportunidade de vitória única (bastava não cometer erros depois de alcançar a liderança), o natural de Turquel não conseguiu empreender a recuperação esperada ao despistar-se N vezes (não tiveram conta) em todos os três pontos de travagem do circuito. Inclusivamente, num dos despistes da curva 3, o kart de Paulino só parou na barreira de pneus e o piloto foi forçado a retirar pneus de cima do motor do seu kart de forma a voltar à corrida. No final terminou como começou: 6º, quase fora dos pontos. Apesar de ser dos pilotos mais rápidos em pista, como o comprovaram as breves recuperações, Paulino deverá desenvolver maior consistência se quiser alcançar resultados mais de acordo com a sua performance da Batalha.
Ouvindo o hino português
Tiago Nunes esteve muito bem e até poderia ter pontuado. Não se deixou desconcentrar e acabou por vencer o duelo com Ricardo Gomes, que terá ignorado os conselhos de pilotagem do mecânico e acabou mesmo por perder uma volta de avanço para vários outros concorrentes.
No pódio, que desta vez teve hinos, ouviu-se orgulhosamente o hino português, ouviu-se por curiosidade o hino holandês, e tudo terminou com uma cerveja no bar do Euroindy.
Foto de família. Da esquerda para a direita: Gomes, Paulino, Borges, Vrielink, Rodrigues, Augusto, Sousa e Nunes.
A próxima corrida não tem data nem pista marcada, mas prevê-se que seja em Fátima, em Fevereiro de 2008.
Oportunamente, publicaremos as entrevistas a cada um dos pilotos após a corrida.
1 comentário:
gostava de ter ido ver a prova.
as fotos também estão muito giras.
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