terça-feira, 29 de setembro de 2009

VIII GP - Entrevista com Ismael Paulino

Regressado aos pódios, e ainda matematicamente candidato ao título, I. Paulino dá-nos o seu ponto de vista da corrida.


Qual a sua opinião geral da corrida?

Foi pena de facto os incidentes e as circunstâncias. Em termos puramente desportivos, achei a pista um desafio extremamente interessante, e devo dar os parabéns ao Mário, que sugeriu e muito bem a configuração tal como ficou. Ficámos com uma enorme recta para grandes velocidades e ultrapassagens, uma segunda recta com uma travagem extremamente exigente e difícil devido às pequenas lombas, um miolo super-exigente – travagem em curva à direita-esquerda-direita, a obrigar a uma saída perfeita porque a partir daí era sempre a fundo pela “parabólica” à esquerda e pelo S antes da recta grande, a recta de largada.
Pessoalmente, e como os karts escorregavam muito – não sei se da qualidade do asfalto, se dos pneus cheios – esta foi uma corrida de pouco atrito, mais de técnica que de força, e isso favoreceu-me claramente, por exemplo em comparação com a Batalha. Acho que nunca terminei uma corrida tão pouco cansado.



Parece que tinha uma estratégia diferente para os treinos. Quer explicar?



Desta vez tinha decidido, ao contrário das duas corridas anteriores, poupar-me nos treinos. Poupar-me significa fazer 2 ou 3 voltas “lançadas”, a sério e a fundo, para fazer o melhor tempo possível, e poupar energias o resto do tempo. E foi isso que fiz, aproveitando para “descansar” sempre que havia outros pilotos à frente. Mesmo assim não consegui evitar um choque muito forte, no gancho da recta de largada, quando meti para a areia para me desviar de uma carambola, pelo qual peço desculpa – e pensei mesmo que me ia aleijar…
Apesar de tudo, e visto que me estava a sentir bem com o kart e com a pista, acabei por ficar um pouco decepcionado com o 6º lugar, e não tinha grandes perspectivas de chegar ao pódio.



Que mais pensou na grelha e na pré-grelha?
Aconselhei o meu colega de equipa a ter cuidado com os pneus frios na primeira volta, porque imaginei que isso fosse fazer diferença, dado a pista ser tão escorregadia, e depois de ter sido ultrapassado pelo Nelson na 1ª volta da corrida anterior. Curiosamente, o meu kart foi-se abaixo, 2 vezes, e depois disso passei o tempo a “aquecer” o motor. Depois, na grelha, vi que o João estava em primeiro e imaginei que provavelmente ia ganhar mesmo, vi os BMG Brawn à minha frente e o Paulo e o Nelson atrás e pensei, novamente, “que corrida dos diabos.” Só não sabia quem estava em segundo…



Como correu a largada e a primeira volta?
Na grelha lembrei-me que, se largasse bem, a recta era grande, a travagem muito aderente – eu pelo menos achei a zona de travagem da recta grande a zona mais aderente do circuito – e que poderia ganhar 1 ou 2 posições. Efectivamente, passei pelos Brawn, curvei mais ou menos ao lado e entrei na “recta de chegada” em terceiro.
Depois, mantive-me muito seguro e não tentei nenhuma tonteira porque senti que podia haver bodeguice no gancho da recta oposta. Já dizia o Jackie Stewart: “não se pode ganhar uma corrida na primeira volta, mas pode-se perdê-la.” Felizmente, ninguém me acertou. Mas olhei discretamente para trás a meio do gancho e vi confusão. Duas curvas depois, vi um enorme fosso entre mim e o 4º, que nem sabia quem era…
Não sei o que aconteceu e espero pelas entrevistas para saber. Mas nessa altura senti que tinha boas hipóteses de chegar ao pódio.


(amanhã, segunda parte desta entrevista.)

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