sábado, 12 de junho de 2010

XII GP - entrevista com Ismael Paulino

Paulino, finalmente a primeira vitória. Qual a sensação?
É muito bom; é o concretizar do meu grande objectivo para esta temporada. Foi um longo caminho percorrido desde Fevereiro 2007 e é óptimo poder finalmente festejar uma vitória.


Qual a sua opinião geral da corrida?
Para além de ter sido a melhor da minha carreira, foi mais uma como a anterior: muito rápida, sempre a um ritmo muito elevado, sem erros. Mas agora foi melhor, pois na anterior foi um longo duelo com o Reinold e agora fomos 4 sempre a pilotar nos limites e a lutar por cada décimo de segundo. E mais: sempre com extrema correcção, sem picardias agressivas e respeitando os espaços. Foi de facto um prazer enorme competir directamente com o Reinold, o Tiago e o João, no Sábado.


Quando é que pensou que poderia vencer a corrida?
Tinha estudado a pista no Youtube e achei que me poderia ser favorável, mesmo tendo em conta que todos iam andar muito juntos. Quando larguei em primeiro para os treinos e vi que ninguém me ultrapassava, percebi que podia pelo menos fazer um bom resultado. Enquanto andei no pelotão dos 4, nunca deixei de acreditar. Mas só mesmo quando passei o Reinold na penúltima volta é que pensei mesmo que podia ser desta.


Qual a sua impressão da pista?
Sou levado a concordar parcialmente com o Tiago Capela; a pista torna-se bastante rápida com os 270cc e só travamos verdadeiramente num ponto da pista. No entanto, discordo quando ele diz que é impossível passar; há vários pontos da pista onde é possível pressionar o adversário, que foi o que fizemos no pelotão dos 4 durante toda a corrida. E há muitas nuances onde podemos ir buscar mais 1 ou 2 décimos de segundos que fazem diferença.


Porque abrandou nos treinos?
Fiz algumas voltas lançadas e percebi que vinha alguém atrás de mim, ao meu ritmo. Era a KXT e optei por segui-los e tentar aprender algo com a trajectória deles.


Ficou satisfeito com o 3º lugar na grelha?
Tendo em conta que todos andaram com tempos muito idênticos, fiquei bastante satisfeito. Não me surpreendeu a pole do Reinold, visto que ele já conhecia a pista.


Não deu para aprender a pista nos treinos?
Na verdade, só nas primeiras voltas da corrida, quando perdi posições de forma tola para os elementos do pelotão dos 4, é que percebi que em duas zonas da pista era preferível fazer a curva por dentro em vez de tentar alargar a trajectória.


Passou para 2º na largada. Porque não atacar o líder?
Provavelmente vou começar a ser alcunhado de Alain Prost... o meu raciocínio foi o mesmo do Bombarral; não perder tempo em lutas muito cedo, tentar cavar um fosso para os pilotos atrás de mim. Estava consciente de que o Reinold estava a sentir os pneus frios e que podia tentar atacá-lo, mas pensei simplesmente que era muito cedo. O João não pensou assim, e rapidamente passou-me, saltando para a liderança pouco depois.


Houve várias trocas de posições...

Não consigo relembrá-las todas. A partir da 5ª ou 6ª volta deixei de fazer cálculos estratégicos; a única opção era atacar a todo o custo, mas sem fazer nada que comprometesse a corrida porque ainda havia tempo. Sei que o João se manteve firme na frente e que fomos trocando de posições.


A certa altura começou a perder terreno...
Por volta dos 20 minutos comecei a ficar um pouco mais cansado e os meus adversários a descolar. Cheguei a pensar que tinha o pódio perdido.


E foi então que J. Rodrigues começou a perder terreno?
Por volta da 22ª ou 23ª volta, os colegas estavam a encostar no João e vi claramente que era a minha oportunidade. O João estava a ficar mais lento e ia estorvá-los, e foi o que aconteceu. Na antepenúltima volta passei o Tiago, e na penúltima passei o Reinold logo depois de ele passar o João, que estava nitidamente em perda.


O Reinold comentou que não o viu.
Eu não tinha consciência que ele não me tivesse visto... o efeito-surpresa não foi premeditado! Ele deveria saber que nós os 4 estivemos sempre colados... em todo o caso, quando tentei a manobra não foi por pensar que ele não me adivinhasse ali - foi mesmo porque estava em condições de o fazer.


O que pensou ao iniciar a última volta?
Que ia fazer uma volta de qualificação extremamente rápida para ganhar pela primeira vez. Mesmo assim cometi um pequeno deslize na dupla esquerda, mas insuficiente para o Reinold me passar.


Temos candidato ao título?
O meu grande objectivo para este ano era vencer uma corrida. Sobre o campeonato, é cedo para falar, visto que só passaram 60% das provas deste ano e tenho apenas 10 pontos de vantagem sobre os meus principais rivais. Em todo o caso, a pressão agora está do lado deles.

Como assim?
O Tiago ainda tem que obter a sua primeira vitória e o Reinold, embora tenha esta época regressado em muito boa forma, já perdeu 2 vezes em confronto directo comigo. A bola está do lado deles....

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