domingo, 11 de março de 2007

Troféu Pedro Chaves - calendário

O Troféu segue agora à imagem da equipa Coloni, e da carreira de Pedro Chaves na Fórmula Um: viver o presente, sem saber como será o dia de amanhã.

Neste momento, não sabemos a data, nem o lugar, da segunda corrida. Nem das seguintes.

Para dizer a verdade, também não sabemos quantas corridas o Troféu terá.


Sem calendário, sem dinheiro, sem perspectivas de futuro.
Ainda no pódio, a vitória dá lugar ao desalento.


Os concorrentes estão ansiosos e preparados. Contudo, a organização não sabe ainda quantos, nem quais, estão inscritos para a segunda corrida. Felizmente não está fixado limite de inscrições…

Poderemos fazer uma corrida já em Abril? Dependerá do budget dos participantes. Faz lembrar Enzo Coloni, que, quando confrontado com a falta de potência do motor Langford & Peck usado por Chaves, indicava a solução: "era preciso um [motor] Hart, mas isso custa um milhão de dólares..."

A primeira já está. E agora?


Contudo, tal como Pedro Chaves e a Coloni, com brio e força de vontade tudo se consegue! Portanto, fiquem connosco e até à próxima corrida!

Carreira de Pedro Chaves na Fórmula 1 - resumo

Pedro Chaves nasceu no Porto, em 1965, e por volta dos 15 anos começou a correr em karting, obtendo sucessos. Em 1986 passou para a Fórmula Ford, que ganhou, tendo depois dado o salto para a Fórmula Ford inglesa. Em 1989 evoluiu para a Fórmula 3000, onde teve um ano difícil, mas em 1990 regressou a Inglaterra para correr na F3000 local, na equipa do célebre Nigel Mansell. O português teve um ano excelente e ganhou o campeonato, com larga vantagem pontual sobre o segundo classificado.
O passo seguinte era a Fórmula 1. A equipa Coloni interessou-se pelo português e propôs-lhe um lugar na equipa (ou melhor, o lugar na equipa) para 1991. Não é todos os dias que aparecem oportunidades para o topo da carreira, apesar da equipa não ser das melhores. Que fariam os nossos leitores, se estivessem na situação de Pedro Chaves?...
O piloto portuense aceitou o desafio e tornou-se piloto a tempo inteiro da equipa Coloni.


Apresentação da totalidade da equipa Coloni, 1991.
Note-se que, nesta época, Williams e McLaren empregavam mais de 200 pessoas.

Nesta época, a Fórmula tinha mais de 30 carros prontos a participar. Para separar o trigo do joio, a FIA (Federação Internacional do Automóvel) impunha regras: não podiam existir mais de 26 carros em corrida e mais de 30 em qualificação. Isto obrigava a que alguns ficassem de fora...
A equipa Coloni aparecera na Fórmula 1 em 1987 e, desde então, conseguira participar em 13 Grandes Prémios, em 50 tentativas.
Era evidente que a Coloni não era das equipas com mais meios do pelotão. Falta de dinheiro, falta de pessoal, falta de tudo - aliás, a equipa era uma das duas únicas que não tinham dinheiro para ter dois carros em pista. Pedro Chaves nunca teve colega de equipa (conforme é visível na foto.)
Os resultados foram desesperantes. O carro era mau, muito mau - e mesmo que não o fosse, alguma peça acabava por se partir.
Na sessão de pré-qualificação de sexta-feira participavam os 8 carros com piores resultados do semestre anterior. Os 4 melhores passavam à Qualificação. Ora, o melhor que Chaves conseguiu foi ser 6º (por duas vezes.) Mas o 8º lugar era a regra. (E já era bom se o carro saísse para a pista, pois por vezes partia-se antes mesmo de sair das boxes, como em Itália - pistão partido - e não havia peças de substituição...)
Portanto, Pedro Chaves nunca conseguiu participar numa sessão de qualificação - e muito menos numa corrida.

Pedro Chaves num dos melhores circuitos do mundo:
Spa-Francorchamps, Bélgica.


O ambiente na equipa também não era o melhor. Enzo Coloni, o engenheiro dono da equipa, entendia ser sua função a afinação do carro, e os seus pontos de vista chocavam frequentemente com os de Pedro Chaves. Tendo em conta que Chaves não fazia mais de 4 ou 5 voltas, era difícil tirar teimas...

Depois da vergonha que foi a participação no GP Portugal, Pedro Chaves anunciou que abandonava a equipa, alegando incumprimento salarial e impossibilidade de pagar (do seu próprio bolso!) os bilhetes para os últimos GP da época - longas viagens até ao Japão e Austrália, num episódio a fazer lembrar os casos de emigrantes portugueses, em Espanha ou na Holanda , explorados e sem receber qualquer salário. De qualquer forma, Chaves estava absolutamente farto e desgostoso com a forma como fora tratado e com a ausência de perspectivas na Fórmula 1. Quando Gachot, piloto da Jordan, fora preso, em Agosto, Chaves tentou a mudança para a equipa irlandesa, mas como, sem patrocínios fortes? Logo de seguida um desconhecido alemão de nome Michael Schumacher, apoiado pela Mercedes e outras empresas alemãs, contactou a Jordan e a equipa nem sequer hesitou...

Em 1992 Pedro Chaves voltou à Fórmula 3000.

sábado, 10 de março de 2007

Corrida nº 1 - Leiria (24-02-2007)

O primeiro GP do Troféu Pedro Chaves teve lugar no Kartódromo Internacional de Leiria - Núcleo de Desportos Motorizados de Leiria, no passado dia 24 de Fevereiro.
O GP foi chamado de Internacional por contar com pilotos de três nacionalidades (portugueses + 1 holandês + 1 francês) e teve o formato mais simples, e que se prevê seja o habitual ao longo do campeonato: 10 minutos de treino + 30 minutos de corrida.
O "briefing", antes do início dos treinos.
Em primeiro plano, de rabo-de-cavalo, a única participante feminina, Rolanda Pacheco


Ao contrário do que se temia (ou esperava…), não choveu. Houve apenas duas desistências de última hora (nada que não tenha já acontecido na Fórmula 1, com a equipa March, por exemplo) e dois pilotos atrasados, que começariam a corrida do fundo da grelha.
Os treinos deram o tom para a corrida; foi logo visível a diferença de andamentos entre os mais e os menos experientes, mas também entre os que tiveram dificuldades para conseguir uma volta limpa, pois olhando para as lutas dava a sensação que já era a corrida, e não os treinos.

Daniel Sousa mostrou argumentos de peso na luta pelo 5º lugar.

A corrida foi bastante animada e incluiu alguns piões e bastantes toques, mas sem que fosse necessária a intervenção dos Comissários. O caso mais grave terá sido o choque entre Nuno Reis e Hélder Antunes que, segundo este último, terá contribuído para o deixar em três rodas, coisa que Reis desmente categoricamente. (Foi esta a única quebra mecânica, e apesar de o kartódromo ter prontamente substituído o kart, o tempo perdido fora demasiado e Antunes apenas conseguiu recuperar para a penúltima posição).

Michael Augusto na frente de Edgar Oliveira.

Na frente da corrida, o holandês Reinold Vrielink exerceu uma liderança autoritária e praticamente sem sobressaltos. Ismael Paulino, o único que lhe poderia fazer frente (autor das SEIS voltas mais rápidas da corrida), conseguiu afastar-se de Gonçalo Jorge após a 2ª volta mas não encontrou maneira de ultrapassar João Rodrigues, fazendo 3 piões noutras tantas tentativas de ultrapassagem. Mais atrás, Luís Agostinho fez uma corrida relativamente isolada (após os problemas de Gonçalo Jorge) e Daniel Sousa conseguiu os 2 pontos do 5º lugar após um pião de Edgar Oliveira, culminando uma longa luta que durou praticamente toda a corrida.
De registar ainda a curta distância final que separou Michael Augusto, Nuno Pinto e Bruno Bento na luta pelo 10º lugar (2 segundos), e ainda a presença feminina de Rolanda Pacheco que revelou coragem (não só por ser a única mulher numa corrida masculina, e mais ainda pela inexperiênca) e talento, pois apesar de ter ficado no último lugar a grande distância, revelou talento e evolução, como se pode confirmar pela espantosa evolução dos seus tempos por volta à medida que a corrida progredia.

pódio: Reinold Vrielink (1º), João Rodrigues (2º) e Ismael Paulino (3º)

Note-se que, apesar do satisfação dos concorrentes, a organização deste evento tem a equipa Coloni como modelo, e daí o amadorismo demonstrado: Reinold Vrielink não teve direito a ouvir o hino nacional holandês, os troféus vieram dum sótão (dois equipamentos para servir cerveja a metro e uma peça de quermesse), o champanhe foi adquirido numa loja de uma conhecida cadeia de discount alemã (e mais parecia cerveja), as fotos são poucas, o fotógrafo "contratado" esqueceu-se de fazer zoom, e os vídeos estão neste momento em Kabul, Afeganistão, sem se saber quando estarão disponíveis no Youtube.
Os resultados estão aqui, e poderão igualmente ser consultados no linque disponibilizado na barra lateral do blogue.

(A Coloni foi a equipa que levou Pedro Chaves à Fórmula 1. Mas essa história fica para outro dia.)

Eis a classificação do Troféu, após a primeira corrida:

Pilotos 11111111pontos
Reinold Vrielink11111 10
João Rodrigues 111111 6
Ismael Paulino 11111114
Luís Agostinho 11111113
Daniel Sousa 1111111112
Edgar Oliveira 111111111

Pedro Chaves - porquê? (quem??)

Quando se fala em Portugal e Fórmula 1, pensa-se em Pedro Lamy. Recentemente, tivemos o Tiago Monteiro. Os mais velhos recordar-se-ão de Mário "Nicha" Cabral, que fez algumas corridas no início dos anos 60. Mas, e o Pedro Chaves?...

Estreia de Pedro Chaves na Fórmula Um:
GP Estados Unidos, 1991

Sim, é verdade que Pedro Chaves foi protagonista de uma daquelas histórias tragicómicas que acontecem na Fórmula 1 e no desporto em geral. Se no futebol temos a Liga dos Últimos, na Fórmula 1 houve, ao longo da história, muitos pilotos cujo percurso pouco mais merece que uma gargalhada. O mais recente terá sido Yuji Ide, piloto da Super Aguri em 2006, que ocupou orgulhosamente o último lugar de todas as tabelas de tempos até que, após a 4ª corrida, viu a FIA retirar-lhe a Superlicença necessária para participar em Grandes Prémios devido à evidente falta de preparação e a ter causado um acidente grave e desnecessário com o holandês Albers, colega de equipa do Tiago Monteiro, deixando-o de pernas (ou rodas) para o ar.


Pedro Chaves nunca bateu em ninguém - embora nunca tenha tentado ultrapassar ninguém. Na verdade, Pedro Chaves nunca teve a oportunidade de tentar ultrapassar alguém.
Mas a verdade é que Pedro Chaves foi apanhado numa encruzilhada sem solução. Todos nós, no seu lugar, arriscaríamos como ele o fez. Chaves arriscou e deu o seu melhor até mais não ser possível.

Todos nós, participantes do Troféu Pedro Chaves, o temos como exemplo e desta forma o homenageamos.

O Início

Em 2007, um grupo de amigos decidiu fazer, não uma simples corrida de karting, sem consequência, mas um campeonato, um campeonato completo.

E, como estamos num tempo em que se escolhem os Grandes Portugueses, decidiram homenagear um Grande Português esquecido pela História – o ex-piloto de Fórmula Um, Pedro Chaves.



Este é o blogue do Troféu Pedro Chaves! Gentlemen (and ladies), start your engines!